sábado, 12 de maio de 2012

BÊNÇÃO DAS PASTAS 2012 - Homilia de D. Manuel Clemente


Homilia do bispo do Porto na bênção das pastas de 2012


Ramos vários duma videira só

Caríssimos irmãos e amigos finalistas, aqui reunidos nesta grande praça de celebração e bênção, com os vossos familiares – saúdo especialmente as mães! – e tantos membros da academia portuense:

Estais a terminar uma importante fase das vossas vidas e certamente vos perguntais quanto ao futuro. É uma pergunta que toda a sociedade faz hoje em dia, entre preocupações grandes e algumas esperanças. Mas sobretudo a fareis vós, muito compreensivelmente.
A primeira coisa que vos quero dizer e asseverar é que não estais sozinhos. Os vossos familiares e amigos, os vossos professores e colegas, todos continuam convosco e muito em especial neste momento de comunhão, oração e bênção. O futuro não é problema exclusivamente vosso, mas de nós todos, como sociedade que precisamente em cada recém-formado vê o melhor do seu porvir, inovador e progressivo.

Mas estais aqui como cristãos e isso é sobremaneira importante e até decisivo. “Cristão” significa discípulo de Jesus Cristo; significa ainda que d’Ele recebeis o mesmo Espírito que o animou e fez triunfar, pascalmente triunfar.
“Pascalmente”, repito, indicando o único modo de triunfar deveras, como podemos e devemos concluir, dois milénios depois de Cristo vir ao mundo.
Havia naquela altura alguma gente com “futuro garantido”, como pensavam ser os chefes romanos e os seus amigos locais. Jesus não estava nesse grupo e quando deixou a oficina de Nazaré para iniciar um outro reino e projeto – estes mesmos a que pertencemos já – encontrou dificuldades e resistências sempre maiores, tantas que lhe custaram a vida. Mas ultrapassou tais dificuldades indo até ao fim na fidelidade a si mesmo e ao Pai, que intimamente o conduzia.
Pois bem, estando aqui hoje, caríssimos finalistas, todos garantis com a vossa presença que é assim mesmo que se vence e convence. No Espírito de Cristo ireis em frente, fiéis aos vossos bons projetos e sobretudo ao que Cristo quiser fazer convosco e em vós, com garantia divina. Neste sentido também vós dareis a vida; neste sentido também vós vencereis.

O Evangelho que ouvistes é precioso e especialmente oportuno nestas circunstâncias. Dizia-vos, em suma, o seguinte: 1º) Que Cristo é como que a videira que Deus Pai plantou neste mundo, plena de seiva e vigor – que são outro nome do Espírito. 2º) Que vós sois os ramos de Cristo videira, dele ganhando o mesmo vigor e seiva, assim permaneçais unidos a Ele, venha o que vier e custe o que custar. 3º) Que se mantiverdes tal união a Cristo, sobretudo na escuta e boa guarda das suas palavras, tudo quanto é de Cristo será vosso, tudo quanto cristãmente lhe pedirdes será feito. 4º) Que, ainda antes de o quererdes vós, quere-o o próprio Deus Pai, que para isso mesmo vos dá Cristo, qual videira que planta no mundo, para viverdes da sua vida e ganhardes a sua vitória, sendo esta a glória e a manifestação de Deus e do seu poder; 5º) Que nisto tudo e precisamente nisto sereis autênticos discípulos de Cristo, para que outros também o sejam, vendo reproduzir-se nas vossas vidas a vitória pascal que Ele alcançou.

Caríssimos finalistas, vós não podeis saber como será o futuro, no que vos toca a cada um e a todos. Ninguém o sabe e, mesmo social e economicamente, é muito difícil de prever e só no curto prazo. Mas, se não sabeis ao certo como será o vosso futuro sabeis algo muito mais importante: sabeis com quem é que o alcançareis.
Não sabeis como, mas sabeis com quem: Será ainda e sempre com Cristo, videira de que sois os ramos; será ainda e sempre com Cristo, para o qual nem a morte foi barreira intransponível, quanto mais as dificuldades da vida que viveu, sofreu e superou.
Com tal companheiro, nunca vos sentireis sós, venha o que vier e custe o que custar. Com tal companheiro, desde que o acompanheis de facto, numa vida autenticamente “cristã”, meditando nas suas palavras, reunindo-vos com os outros cristãos em celebração e vida de Igreja, convivendo realmente nesta, como videira comum de que sois os ramos. Assim vencereis e dareis muita alegria a Deus e ao mundo.
E uns com os outros, certamente, como estão os ramos na videira, vivendo da mesma seiva e dando abundante fruto. As boas amizades que fizestes, não as deixeis por aqui. Hoje, a comunicação é fácil e em qualquer lado se mantém, mesmo que fisicamente distantes. O mesmo em relação aos vossos professores e escolas, com quem e onde aprendestes, para uma aprendizagem que hoje só pode ser permanente e sempre criadora de melhor futuro.

Ramos vários duma videira só, unidos hoje e amanhã, para a criação urgente dum mundo melhor e duma sociedade mais justa, solidária e humana. Como aquela que Jesus esboçou há dois milénios, com quem o acompanhava e realmente ouvia. Como a que Cristo quer continuar a construir convosco, numa inspiração constante que, tendo em Deus Pai a sua origem, é infinitamente original, criativa e inovadora.
Com Cristo é possível e a sua glória assinalará as vossas vidas e o futuro que ganhareis para vós e para os outros. Com Cristo e com os outros, crentes e solidários, conseguireis, certamente conseguireis. Ou melhor, continuará nas vossas vidas o triunfo de Cristo sobre todos os obstáculos e oposições indevidas.
Acreditai nisto e firmemente acreditai: o cristianismo autêntico tem no mundo dois milénios de garantia!
Maria, Mãe de Cristo, acompanhar-vos-á, como o acompanhou a Ele. Guardai-a convosco, pois é parte essencial da herança viva que Cristo nos deixou na cruz. Presente e discreta, Santa Maria vos levará à vida plena, que Ela mesmo ganhou do seu Filho!
Contai também com todos os aqui estamos, em oração e apoio, para que em conjunto e com a novidade que trazeis possamos construir o melhor dos futuros!
Porto, Avenida dos Aliados, 6 de maio de 2012
D. Manuel Clemente


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