quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

HISTÓRIA DE CORTEGAÇA

Origem do Nome

Várias são as interpretações acerca da origem do nome de "Cortegaça". De acordo com A. Cortesão, deriva do baixo latim "Cortegacia", de corticatia, relacionado com cortex (cortiça), parecendo demonstrar que, na opinião de J. Piel, durante o repovoamneto das Terras de Santa Maria, os colonos que se fixaram nesta região de Entre Douro e Vouga lhe puseram este nome pela quantidade de soutos, sobreiros e carvalheiras que então nela abundariam.
Para A.Almeida Fernandes, "Cortegaça" deriva de cohorte, coorte, corte, no sentido de redil, curral, arribana, onde se guardava o gado lanígero ou caprino. Juntando a "corte" com os sufixos ega+aça, teríamos a palavra "Cortegaça".

DO SÉCULO X AO SÉCULO XV

As origens de Cortegaça remontam à época da Reconquista Cristã dos séculos IX e X. A agora vila fazia parte da Diocese do Porto e da Terra de Santa Maria, vulgarmente chamada de Feira.

Primeiro documento
O mais antigo documento que fala de uma "villa de cortegaça" data erradamente de 773 (o ano correcto é 973, porque do "Livro Preto" houve uma sigla que o copista não entendeu, daí o erro!), e refere uma doação de bens à Igreja de São João Baptista, junto de Souto Redondo, no território portucalense. Tudo isto está descrito no livro Portugaliae Monumenta Historica no "Diplomata et Chartae".
No entanto, a "Villa de Corthegada" expressa na doação de 922 diz respeito a um lugar situado na freguesia de Olival, concelho de Vila Nova de Gaia, como demonstrou o Pe. Miguel de Oliveira, no seu pequeno estudo "Cortegaça e a Ribeirinha".

Padroeiro
Quanto ao padroeiro de Cortegaça, o Censual da Sé do Porto (provavelmente de 1174/1185) refere a "Ecclesia Sanctae Marinae de Cortegaça", ou seja, a Igreja de Santa Marinha de Cortegaça.
O Mosteiro de Grijó possuía já alguns bens em Cortegaça, mas é sobretudo no séc. XIII que recebe as mais valiosas heranças. A mais célebre doação diz respeito a D. Constança Sanches, filha do Rei D. Sancho I e da "Ribeirinha". Assim, num documento datado de Abril de 1263, esta Infanta deixa vários legados ao Mosteiro de Grijó, referindo que "igualmente dou e concedo ao convento desse Mosteiro, toda a herança de Cortegaça, em Terras de Santa Maria da Diocese do Porto, com os seus termos novos e antigos e com todas as suas pertenças e o meu direito de padroado daquela vila, com as coisas respeitantes à mesma herança e igreja..."
O Mosteiro de Grijó tinha o direito de padroado, ou padróadigo, como se dizia antigamente, da Igreja de Cortegaça, ou seja, competia-lhe apresentar o respectivo abade que o Bispo depois, confirmava ou não. Mas D. Constança Sanches, ao legar os seus bens de padroado da Igreja de Cortegaça, aos frades de Grijó, impôs-lhes as seguintes obrigações:

rezar uma missa de aniversário, cada ano, por sua alma;
rezar uma missa de aniversário, cada ano, por alma de seu irmão, D. Rodrigo Sanches, e ainda manter acesa uma lâmpada diante do altar de S. Maria;
rezar uma missa de aniversário, cada ano, por alma de D. Martins Afonso de Sousa, que havia igualmente legado uma herdade que passava em Cortegaça.

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